sábado, 1 de janeiro de 2011

Resenha: O Fim da Guerra Fria, a Guerra do Golfo e a noção de “Nova Ordem Mundial” - Georges Lamazière


Resenha proposta pela disciplina de Relações Internacionais Contemporâneas.

O autor apresenta em seu texto, o encadeamento de ideias sobre a sequência de acontecimentos desde o fim da guerra fria até a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, os motivos segundo os planos estratégicos-militares norte-americanos para a construção e manutenção do que denominaram de “nova ordem mundial”, quando da queda da União Soviética, um dos pólos que mantinham o equilíbrio de poder na bipolaridade política-econômica-militar pós 2ª guerra.

Após a dissolução da URSS, a invasão do Iraque ocorre pautada na tecnologia e estratégias militares norte-americanas como forma de mostrar a hegemonia dos Estados Unidos ao mundo, bem como a supremacia política-econômica capitalista. Contudo, a ordem no sistema internacional é alterada devido a conflitos étnicos-religiosos, dando um novo parecer ao sistema internacional e novos desafios para sua manutenção, buscando por reformas ao invés de revoluções sem motivos para mais conflitos com a promessa do funcionamento do sistema de segurança coletiva da ONU, que antes estava impedido de operar na Guerra Fria.

E a invasão do Kuwait pelo Iraque, proporcionou aos Estados Unidos, motivos para chancelar sua hegemonia, demonstrando a possibilidade de ação internacional conjunta sob sua liderança, para enfrentar ameaças à paz e segurança, sendo suas ações legitimadas sob a proteção do cap. VII da Carta da ONU, colocando em evidência estar operando em temas globais, como a não-proliferação de armas de destruição em massa, direitos humanos, meio-ambiente – sendo um paradoxo, pois não participam em conjunto com outros atores em busca de soluções – e principalmente, em assegurar uma ordem regional estável, tendo a necessidade de garantir o suprimento de petróleo a longo prazo e com preços razoáveis para o Ocidente, impedindo o controle do óleo kuwaitiano pelos Iraque. Por um lado, os objetivos também reuniam outros atores importantes no jogo diplomático, com convergência e divergência de objetivos, evidenciando a complexidade no novo sistema.

A nova ordem pós-Guerra Fria também possibilitava o funcionamento, mesmo que imperfeito, do sistema de segurança coletiva da ONU, sob pretexto dos Estados Unidos, de ser tão somente a implementação dos mecanismos descritos na Carta, mas exaltando o Cap. VII quanto ao uso legítimo da força, forte argumento utilizado para a invasão do Iraque para fazer cessar seu avanço, promovendo a legítima defesa do território kuwaitiano.

Percebe-se que toda a ação norte-americana pós-Guerra Fria com a invasão ao Iraque coloca-se sob pretexto do uso do Cap. VII da Carta da ONU, retornando em pauta o assunto da não proliferação de armas e utiliando-a para o desarmamento do Iraque, com vistas à obtenção do petróleo, matriz energética que seguramente, o garante na hegemonia político-econômica ocidental, ainda que, mantendo uma unipolaridade no terreno militar, pautada em sua superioridade bélica, coloca-se como “xerife do mundo”, líder em nome da segurança coletiva para manter-se dentro da crescente multipolaridade econômica, sem, contudo, utilizar da força e sim, da ordem consentida desempenhada pelos regimes internacionais no funcionamento do sistema econômico globalizado.

Leandro Guiraldeli

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