sábado, 14 de agosto de 2010

Democracia Representativa ou Usurpadora?

É lamentável o que está ocorrendo entre os atuais candidatos à presidência da república.

O que a mídia vem expondo até o momento parece ser apenas o começo. Ou, ainda que possível, alguém acredita que seja uma encenação [hipócrita]?
Vamos à análise...

A troca de "elogios” indecorosos entre os mais cotados nas pesquisas, se engalfinhando que nem briga de moleques, ao invés de estarem com foco para o público, um tentando "sujar a barra" do outro.


Nem parece que estamos diante de um fato histórico relevante, que pode virar a mesa da cultura política – temos duas candidatas mulheres, sendo que ambas ocuparam espaço significativo no cenário público recente.

Se o exemplarismo, como nos explica a Psicologia, é tão significativo para nossa formação moral e de movimento(s) político(s), tanto sobre o que desencadeamos quanto ao que somos expostos, fácil notar a escalada de imaturidades, tipo reação em cadeia. Basta olhar o nível a que chegaram as brigas pelo poder nessas eleições, sobretudo na esfera federal.


Segundo meus estudos na faculdade, cheguei à conclusão que instituições partidárias têm uma distorção fatal na abordagem de poder:
Atuam pelos seus interesses, com as políticas dirigidas para o poder, ao invés de exercerem o poder, dirigidos à organização pública, com responsabilidade social.
E aí entra o eleitorado que, por falta de reflexão maior, na sua maioria não consegue enxergar além do que é mostrado na mídia; até mesmo os conchavos, pois, se não ganha um, ganha o outro, o que dará no mesmo rumo para a manutenção do poder para poucos.

A chamada Democracia Representativa, a meu ver, não representa ninguém, tão pouco a sociedade, pois funciona como usurpadora do poder público, que devia ser sim, emanado da sociedade mais consciente.

Continuam assim, apropriando-se da “coisa pública” ao invés de servi-la, perpetuando-se nos conchavos politiqueiros, elegendo quem lhes interesse e, com isso, evitando os que possuem - ou possam possuir - planos mais bem intencionados, com maior clareza e compromisso com o bem-estar da maioria.

Esta é uma prática que há muito é mantida, desde a criação do Estado, onde políticos profissionais (e anti-éticos) vêem na eleição a "oportunidade" para usurpar a Sociedade que deveriam representar, na tentativa de adiar ad eternum a capacidade da mesma de se autogovernar.

O poder deveria ser gerido temporariamente pelos indivíduos que se sentissem e estivessem realmente aptos a exercer um cargo político desta natureza com vistas a trabalhar com transparência para a sociedade.

Mas, observando e refletindo, tal atitude adviria de pessoas que estariam mais preocupadas não somente consigo mesmas mas com o bem-estar da sociedade onde vivem. Assim o era na Democracia Pura exercida na antiga Grécia. Quem hoje está mais ciente de tamanha responsabilidade?

A estranha sensação de que as coisas vão indo de mal a pior emerge, pois, do cenário social e político, não somente brasileiro, mas também mundial. Quiçá seja o início do fim desta etapa, que tende a ruir se pensarmos que o aumento do discernimento dos indivíduos é antídoto para a atual condição de espoliação usurpativa.

O que dá para ser feito? Mais conscientização e melhor educação...
Educação? Neste país em que se faz tão pouco?

Você leitor deve estar pensando que estou tirando um sarro! Pois é muito mais fácil deixar o público ignorante e robotizado, tornando-o mais dócil e facilmente manipulado...

Por que, nesse país, mesmo sendo barrado no “Ficha Limpa”, ainda há candidato liderando pesquisas de opinião em Brasília, como se não existisse nenhum impeditivo legal?

Vejam bem: Será que ele aposta que seus eleitores são “desmemoriados”, que saberão “perdoá-lo” pela sua “Ficha Suja”, ou aposta mais ainda que o Judiciário nada poderá contra seus mandatos de segurança “poderosos”?

Pois é, meus caros, mas saibam vocês que ninguém, ninguém mesmo, pode lhe tirar a capacidade de desenvolvimento da razão e do discernimento, pois são atributos que só a vocês pertencem.

A informação hoje é abundante, está chegando a todos com maior facilidade e, mesmo assim, deve ser refletida em detalhes, para se entender quais as fontes e quais os resultados que delas decorrem.

O movimento é lento, a evolução não vai parar, mas pode ser acelerada. Depende de cada um de nós; ou ainda acha que sua TV te conta tudo que deverias saber sobre a verdadeira Política - com “P” maiúsculo?

Leandro Guiraldeli

Bibliografia: Democracia Pura, J. Vasconcelos, 2007
Blog: Conselho dos 500