Resenha proposta pela disciplina de Relações Internacionais Contemporâneas.
A autora aborda o assunto da proliferação de armas, tanto as de destruição de massa, quanto as de uso convencional, ocorrendo na escalada da corrida armamentista, na época da guerra-fria, onde o acúmulo das armas nucleares, por parte dos Estados Unidos e União Soviética, foi a justificativa para a segurança interna das superpotências e após seu fim, os programas de controle e desarmamento, mas também o contínuo da proliferação de armas atômicas e convencionais – incluindo armas químicas e biológicas -, abordando maior dificuldade em seu controle devido à facilidade de acesso e de transporte por atores não-estatais envolvidos em sua produção e comércio, gerando um dilema que envolve assuntos não somente de segurança, como também econômicos e de ética.
O texto expõe duas condições de proliferação – vertical e horizontal.
Na proliferação vertical, o aumento dos arsenais nucleares pelos Estados que já possuem este armamento e que no pós guerra-fria, sua manutenção ocorre por considerarem ainda um recurso importante para sua segurança, apesar do esforço por maior controle e diminuição por meio de acordos durante e após a guerra-fria.
A proliferação horizontal demanda pelo aumento de novos armamentos e de países que não tinham e passam a detê-los, inclusive armas biológicas e químicas que são obtidas por atores não-estatais, devido à maior dificuldade em seu controle, tanto de produção quando de transporte. Na questão das armas nucleares, há o esforço dos Estados detentores em tentar impedir que outros venham a ter, bem como no possível uso pelos demais Estados e na criação de acordos para o maior controle do acesso ao material para sua fabricação.
Quatro razões expostas pela autora mostram a relevância que há pela manutenção de armas nucleares no pós guerra-fria:
1. É considerado pelos Estados que já a possuem, como recurso positivo em prover segurança.
2. Estados que não possuem armamento nuclear são incentivados a obtê-los devido à perda de garantia de defesa antes promovida pelas superpotências.
3. A combinação do aumento de insegurança somado às instabilidades regionais, quais sejam no Irã, Índia, Paquistão ou Coréia do Norte, incentivam a proliferação das armas.
4. Experiências contrastantes do Iraque e Coréia do Norte sugerem ao sistema forte e veloz proliferação de armas, aumentando o nível de insegurança e de ameaça.
No caso das armas convencionais, o assunto é de maior relevância, pois após a guerra fria, o arsenal é numeroso e sofisticado, tendo o fluxo mantido principalmente para uso em conflitos étnicos, promovendo a manutenção dos ganhos econômicos da indústria bélica, por meio do tráfico internacional de armas incentivado pela falta de controle e de uma regulamentação de seu comércio entre Estados.
A insegurança é tida como fonte do problema da proliferação de armas entre os Estados detentores de armas nucleares em não permitirem que outros Estados as possuam, ocorrendo em possível instabilidade caso outros Estados venham a entrar para o grupo, o que, segundo eles, não causaria instabilidade por não se perceberem como responsáveis como aqueles que já as possuem, passando a questionar sua posição de somente eles deterem armamentos nucleares. Por não sofrerem risco de serem atacados, colocam-se na posição de possuirem os armamentos como forma de auto-defesa. Isso gera o dilema da segurança; quem não possui deseja ter para não ser atacado, fazendo com que os que já possuem, aumentem mais seu arsenal com fins de prevenção, levando novamente a uma corrida armamentista.
No caso das armas convencionais, a indústria bélica se vale da instabilidade de regiões em conflito, o que demanda constante fluxo de armas, justificando a receita de Estados envolvidos em sua produção e comercialização, uma contradição no sistema internacional, onde estes defendem acordos e tratados, mas que, ao mesmo tempo, promovem a comercialização de sua produção bélica que alimentam os conflitos pelo mundo.
Leandro Guiraldeli
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