Resenha proposta pela disciplina de Relações Internacionais Contemporâneas.
O autor expõe em seu texto, um exame a respeito dos problemas relacionados à formulação teórica das relações internacionais, com base em simples premissas dos estudos teóricos que aspiram à uma validade universal, bem como tenta examinar por quais caminhos as teorias existentes são melhores utilizadas afim de explicarem os acontecimentos mundiais do sistema internacional e o comportamento dos Estados dentro deste sistema. No entanto, com a proposta de que possamos por nós mesmos, qualificarmos nossa habilidade de entendimento da política externa brasileira, expandir este entendimento a nível de sistema internacional, por meio da análise singular dos Estados envolvidos em determinado assunto por meio da agenda internacional ou de algum acontecimento de nível regional, e a necessidade de adentrar e compreender as características e interesses intrínsicos das culturas que estão sendo analisadas para se determinar as causas dos acontecimentos que venham a promover um desiquilíbrio em todo o sistema.
O autor comenta que as teorias de relações internacionais buscam formular conceituações com o fito de explicar os conflitos entre os Estados, desde suas ocorrências, suas motivações e o seu desenvolvimento, bem como distinguir os diferentes níveis de atores envolvidos nos acontecimentos. Procura-se construir uma visão de conjunto das dificuldades encontradas para a formulação teórica que possa esclarecer de fato, o cerne dos problemas que geram os conflitos entre os Estados.
Penso que, devido à multiplicidade das características humanas que compõem as sociedades dos Estados, seu passado cultural e muitos de suas práticas e costumes; do ponto de vista econômico e político, seus interesses que corporificam suas políticas internas, por meio dos diferentes grupos de atores, sejam governamentais, não-governamentais e interestatais. Essas políticas internas repercutem no cenário internacional, gerando os acontecimentos que compõe a gama variada de questões, que, segundo Fonseca, “vão da guerra à cooperação humana, de ações unilaterais de Estados soberanos a formas diversas – e amplas – de interdependência entre sistemas produtivos e as sociedades nacionais...”, tornando mais complexo o procedimento inicial para o início da análise de determinado fato a ser esclarecido.
Fonseca expõe que “os problemas cotidianos poderiam [...] indicar as indagações que faríamos aos elaboradores de teoria”, não chegando a respostas conclusivas, mas que auxiliasse no esclarecimento dos rumos das ações e os resultados gerados decorrentes destas.
Daí que converge com o que pretendo expor ao nível do indivíduo ou grupo de indivíduos e os tipos de governos que compõem os Estados, onde o autor expõe como exemplo, o conflito na ex-Iugoslávia, com peso
“nos fatores étnicos na origem dos conflitos, sobre os modos através dos quais a comunidade opera em situações de crise, sobre a dinâmica regional européia, sobre lideranças (diga-se de passagem, formado por indivíduos que tem seus interesses) que usam o nacionalismo agressivo como instrumento para consolidar o poder nacional e tantos outros temas correlatos”. (FONSECA, 1994, p. 73)
E aqui, um questionamento pertinente do autor que expressa a dificuldade em “como formular hipóteses válidas, tão próximas das flutuações psicológicas de lideranças carismáticas ou dos embates intra-burocráticos?” (FONSECA, 1994, p. 74)
Penso que seja possível, mas estas hipóteses em breve curso do tempo perdem sua validade, pois o indivíduo se encontra em processo contínuo de evolução, ainda levando-se em consideração, as flutuações de interesses pelos quais passam os diferentes governos de um Estado, e o comportamento multifacetado dos diferentes atores que compõem o sistema internacional, corroborado por Fonseca quando expõe que “em ciências sociais, é extremamente difícil – senão impossível – o estabelecimento de hipóteses tão acabadas como nas ciências da natureza”. (FONSECA, 1994, p. 75)
Isso se torna um fato deveras complexo, pois as teorias com o passar do tempo se mostram engessadas e deficientes em tentar explicar fatos mais atuais que antes se mostravam mais coerentes com as suas premissas. Isto porque o conhecimento humano também se expande, tornando seu comportamento mais complexo e apresentando novas repercussões no cenário interno e internacional. É como se cada teoria enxerga-se apenas uma faceta do complexo comportamento humano, em cada época de nossa história em que foi documentada.
Penso a necessidade de se ponderar com os interesses, as intencionalidades do aqui-agora das ações a que os governos se movem diariamente com clareza das repercussões internas e externas que se produzissem. Mas quem estaria disponível a tal empreendimento?
Portanto, as teorias precisam constantemente estarem evoluindo em outro sentido para que possam não somente acompanhar paralelamente as ações humanas, mas também nortearem as ações que ocorram em repercussões menos destrutivas pelas quais estamos passando, sejam guerras, conflitos étnicos ou a destruição de nosso meio-ambiente, tonando-se “verdades relativas de ponta”, ou seja, a evolução constante da teoria que exemplifique a evolução da consciência humana e sua atuação a nível estatal e mundial, talvez, possibilitando uma análise mais abrangente e integrada dos diversos níveis de análise, não somente associada à sensibilidade, mas também ao nível da visão de conjunto do analista.
Leandro Guiraldeli
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